Palavra Pastoral

ALEGRIA PODE NÃO SER VERDADEIRA?

Quando a gente está alegre faz o que?

 

O que vem a ser a alegria? É claro que é difícil traduzir com palavras esse estado de espírito. Sabe-se que junto, se sente paz, uma certa tranqüilidade, um certo senso de realização, uma boa vontade para com os outros, enfim, isto designado por alegria é um estado em que se sente bem. Sabe-se também que ele não é duradouro. As pessoas nem sempre estão alegres. Na realidade, na maior parte do tempo, não estão. Mas em geral todos, em algum momento, já sentiram esta tal de alegria. A Bíblia diz, conceitualmente, que a verdadeira alegria é fruto da ação de Deus em nosso interior, ou seja, é fruto do Espírito Santo (Gl.5:22). Mas a alegria também não é fortuita. Ela não ocorre por sorte, involuntariamente. Ela é resultado de um processo. É como o final de uma etapa vitoriosa. É como a sensação de uma vitória conseguida.

Inúmeras vezes nos é ordenado na Bíblia que nos alegremos (Sl.32:11; 97:12; Is.66:10; Jl.2:23; Mt.5:12; Lc.10:20; Rm.12:15; Ap.12:12). É vontade de Deus que nos alegremos. E, como sendo ordem de Deus para nós, caracteriza-se como obediência nossa o nos esforçarmos para alcançar a alegria. Há uma participação nossa nesse processo, tem que haver uma vontade nossa nessa direção.

Em Tg.5:13 nos é dito: “Está alguém entre vós alegre? Cante louvores...”, isto é, se estamos alegres, devemos extravasar essa nossa alegria cantando louvores a Deus. Ou seja, o cântico espontâneo de louvores a Deus pode estar representando a nossa alegria no Senhor. E seria muito bom que fosse sempre assim. Em outras palavras, se alguém não canta espontaneamente louvores a Deus, é porque não tem alegria.

Em 1Ts.5:16 e 18 somos instados a nos regozijarmos e a dar graças a Deus, sendo isto vontade de Deus para nós, em Cristo Jesus. Também em Sl.107:19-22 e 30-32 lemos de um processo, que deveria ser muito comum em nossa vida. Primeiro, como um teste, passamos por angústias. Clamamos a Deus. E isso pode estar implicando em grande dor para nossos corações. É certo que Ele nos livra e a bonança vem. A vitória traz alegria. E a partir daí? É onde exatamente somos provados. Muitos, quando se sentem vitoriosos e alegres, vão comemorar sua alegria com o mundo. Outros vão festejar com a compra de bens, comidas e bebidas, presentes e investimentos materiais. Alguns outros, ainda, vão se gabar de suas conquistas. E Deus, onde fica nisso?

Eu quero focalizar dois termos bem conhecidos na Bíblia (e talvez desconhecidos em nossas atitudes). Um deles é o “render graças a Deus”(Sl.107:21,31). O outro é oferecer a Deus como sacrifício “ações de graças”(Sl.107:22). Mas o que vem a ser isso, em nossa vida prática?

Eu entendo que a atitude de rendição caracteriza a nossa fraqueza humana, o reconhecimento de nossos limites e a manifestação de nossa humildade. O nos rendermos a Deus é atitude de quem tem a Jesus como Senhor. O render graças, para mim, é nos rendermos, em atitude de gratidão. Como agradecidos a Deus, decidimos não ficar somente em palavras, mas vamos a Deus com algo concreto para demonstrar a nossa gratidão. São as famosas “ações de graças”, ou as atitudes que demonstram a nossa gratidão. Pode ser uma oferta especial que entregamos a Deus, pode o nosso próximo, pode ser um propósito de jejum e oração a Deus. Enfim, qualquer coisa que façamos, que nos custe algum sacrifício, pode ser oferecida a Deus em demonstração de gratidão.

Tendo em vista os textos bíblicos acima, além de muitos outros que poderiam ser trazidos à consideração, a pergunta que fica é: Se um crente não tem ou não demonstra nenhuma atitude de “sacrifício” para com Deus, Ele pode considerar essa pessoa como grata? Um crente que só pede (dá, dá) e não agradece, pode agradar a Deus?

De igual forma, um crente soberbo, que não se humilha, que se jacta de suas conquistas, pode estar cumprindo a ordem bíblica de “render ações de graças”? As atitudes são muito diferentes. Quem reconhece que sua alegria vem de Deus, agradece, humildemente. Quem acha que mereceu a alegria que alcançou, se jacta e comemora materialmente.

Como você pode ver, a alegria é possível. Ela não é duradoura, mas se constitui num teste para conhecer as verdadeiras motivações íntimas. Isso é aqui na terra. As tristezas também existem e são necessárias (Jo.16:20). Porém, quando Jesus voltar, a nossa alegria será permanente, ninguém mais poderá tirar (Jo.16:22).

Você conhece a alegria verdadeira?

 

Pr. Érico R. Bussinger

Ramá – Niterói

 

 

“Alegrai-vos antes por estarem os vossos nomes escritos nos céus.” Lc.10:20b

Tópico: A verdadeira alegria

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