Afinal, o que é o evangelho? 

 

O Apóstolo Paulo afirma, em Romanos 1:16, que o evangelho é poder de Deus para a salvação de todo o que crê. Essa definição, contudo, retirada de seu contexto e também de todo o restante da teologia paulina, não nos diz muita coisa. Pois como esse poder de Deus se manifesta para a salvação das pessoas? Em que se deve crer para ser salvo? Para responder a isso, precisamos refletir sobre nossa compreensão do evangelho, e é sobre isso que desejo convidá-lo(a) a pensar um pouco.

Falar do evangelho, antes de tudo, é falar de Jesus Cristo e de sua mensagem: a vinda do reino de Deus. Aliás, o reino de Deus constitui o cerne da mensagem de Jesus; é seu pão e sua paixão. É também o critério para avaliarmos suas ações e palavras em meio aos seres humanos. Não há como compreendermos o ministério de Jesus sem que percebamos o que significava, para Jesus, falar da vinda do reino de Deus, isto é, falar do evangelho das boas-novas.

Para Jesus, falar do evangelho significa gerar no coração dos seus ouvintes uma nova imagem de Deus. Longe de ser um Deus distante, frio e rigorosamente exigente com a observância da Lei judaica, o Deus apresentado por Jesus é Pai. Mais que isso: é papai, que permanece junto ao portão esperando a volta do filho que se perdeu, e que, quando ele retorna, o abraça e o enche de sua graça repleta de compaixão. Evangelho se relaciona diretamente com essa imagem paterna de Deus. Somente quando percebemos como Deus é, conforme Jesus o apresenta, podemos afirmar que evangelho se tornou uma boa notícia; podemos ter paz com Deus.

Evangelho também se relaciona com os outros. A relação com Deus precisa gerar relação com o próximo, evidenciada na atitude prática de amor que perdoa, que anda mais uma milha, que tudo suporta, tudo crê, tudo espera. Evangelho que não resulta no encontro com o próximo não é boa-nova; é, antes, religião vazia e hipócrita, que não sabe se enxergar diante de Deus e que só sabe acusar os ciscos nos olhos dos irmãos sem nem perceber as próprias traves atrapalhando a visão.

Falar do evangelho também é falar da graça de Deus. Isso porque a lógica do reino de Deus não está mais baseada no mérito que alguém possa ter, mas sim na misericórdia de Deus que a todos alcança e a todos convida para o banquete à mesa do Pai. Por isso, falar do evangelho é muito mais que falar: é viver essa graça de Deus, diante da qual se reconhece toda a fraqueza humana e todo o amor infinito e incondicional de Deus. Sem essa noção, evangelho deixa de gerar vida e passa a produzir sequidão, cansaço, depressão e morte. Sem a graça, evangelho deixa de ser boas-novas. Somente assim, evangelho se torna, de fato, poder de Deus para a salvação de todo o que crê!

                                                                                                                                                                                     Prof. Marcio Simão IPNV – Petrópolis

 

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