ENTREVISTA

 

O jornal O servo entrevista nesta edição,    o ir. Sandro Pereira - Ramá – Pilar

 

O servo: O irmão recentemente abdicou de um “título” eclesiástico em uma igreja de médio porte para participar de uma célula da Comunidade Ramá com poucos irmãos. O que o motivou para ir na direção oposta de muitos que são atraídos por “títulos”?

 

Ir. Sandro:  Onde congregava fui consagrado evangelista. Eu ministrava a Palavra para a igreja com uma boa quantidade de irmãos e visitantes. O que me motivou a abrir mão do cargo na igreja foi o fato de que a mensagem do evangelho, como o Mestre nos ensina, não estava sendo pregada, era porém uma mensagem motivacional. Inclusive o meu líder fazia questão de dizer isto: “a nossa igreja trabalha com mensagens motivacionais.” Para os irmãos terem uma ideia do que  estou falando, quando me deram a oportunidade de ministrar a Palavra, pela primeira vez no ministério, eu preguei sobre o sacrifício de Cristo, foi uma mensagem evangelística. Um irmão no final do culto, me disse assim: eu estou a dois anos nessa igreja e é a primeira vez que ouço uma mensagem evangelística aqui. Comecei a perceber que o meu tempo tinha terminado ali. O que importa não é o título, mas sim cumprir a vontade de Deus. O meu alvo não são os títulos, mas cumprir o chamado.

 

O servo: O irmão durante algum tempo foi membro de uma igreja que crescia rapidamente em número. O que estava por trás de tal crescimento?

 

Ir. Sandro: É verdade, a igreja cresceu muito rápido, sem falar em relação aos visitantes, que era um verdadeiro rodízio de pessoas. O crescimento se dava através de campanhas com pregações eletrizantes onde o ponto principal era a vitória que Cristo iria dar, a porta que o Senhor iria abrir, enfim, a prosperidade. Ouvíamos sempre coisas do tipo: você vai ser cabeça e não cauda, etc. Sem falar sobre as festas com cantores famosos. Tudo isso produzia um grande resultado para o INCHAÇO da igreja  e não para um crescimento verdadeiro, acho que esta é a palavra mais correta. 

 

O servo:  As últimas pesquisas nos mostram que os evangélicos brasileiros já são mais de 50 milhões. Você acha que isto é fruto de um avivamento?

 

Ir. Sandro: Não, com certeza não, pois a grande maioria, acredito eu, não compreenderam a mensagem verdadeira de Cristo.  Avivamento tem a ver com santificação, novo nascimento, mudanças de atitudes, arrependimento. Se não houver estas coisas não é avivamento, porque a palavra avivamento tem a ideia de ser vivificado para Deus, alguém que se levantou dos mortos e é iluminado por Cristo Jesus e não é o que vejo.

 

O servo: Sabemos que o irmão ama o evangelismo. O que mais o irmão tem encontrado pelas ruas: ímpios ou desviados?

 

Ir. Sandro: No evangelismo encontramos muitas pessoas que já foram evangélicas, inclusive pessoas que tinham cargos na igreja e que atualmente estão na prostituição, drogas e quando vamos falar de Cristo, a pessoa declara que crê em Cristo, mas não tem mais forças para caminhar na fé.

 

O servo: Ao seu ver a maioria dos desviados que o irmão tem encontrado durante a prática do evangelismo tiveram um   encontro   genuíno   com   o   Cristo  ou Eles possuíam boa base bíblica?

 

Ir. Sandro: Para mim a maioria foi exposta a uma pregação em que o homem é o centro e não Cristo. O bem estar é pregado como resultado de ser um cristão e não a cruz que é símbolo de sofrimento. Conforme a palavra do Mestre: “Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-me.” Desta forma, a maioria que foi exposta a pregação antropocêntrica, tiveram apenas uma experiência religiosa.