Nasci em um lar de católicos nominais. Minha mãe, minha irmã e eu costumávamos ir à missa aos domingos. Com o tempo percebi que ser católico (religioso) era fácil, pois durante a semana meus amigos católicos e eu vivíamos como queríamos, nos entregando aos bailes, bebidas e namoros casuais; e, no domingo seguinte, todos nós estávamos na missa. Assim eu levava a vida religiosa sem conhecer nada a respeito de relacionamento com Deus, eu apenas era mais um no sistema religioso, praticando ritos religiosos. O tempo passou e vi cada vez menos sentido em praticar ritos religiosos. A religião não me ajudava em nada além de me fazer participar de um grupo: “minha turma”. Então, me afastei da religião.

Dediquei-me ao ensino secular e, fui seduzido pelo evolucionismo, tornando-me um ateu. Foi uma época em que precisei muito da Graça de Deus, sem nem mesmo conhecê-la. Era debochado quando o assunto era sobre Deus; brincava, zombava e me divertia com os crentes, pois eu acreditava que não necessitava de um “amigo imaginário”, para resolver meus problemas. Divertia-me ao cantar melodias cristãs com letras alteradas com nomes de bebidas. Mal sabia que eu era pobre, miserável, cego e nu. Afastei-me totalmente da fé.

Uma coisa estranha acontecia, eu negava a existência de Deus, mas, ao mesmo tempo, afirmava que seria um absurdo não servir a Deus, caso Ele fosse real. Creio que já era o Espírito Santo e puro de Deus agindo por amor e misericórdia na minha mente imunda.

Minha incredulidade só não era maior que minha soberba e vaidade, pois eu gostava de mostrar meus conhecimentos seculares, para demonstrar minha superioridade intelectual, frente aos demais; principalmente dos religiosos. Mas, com o passar dos anos, outra coisa foi crescendo dentro em mim, um vazio existencial terrível! Pensava que era a rotina, então, rapidamente procurava fazer algo diferente e a princípio parecia funcionar, mas pouco tempo depois, lá estava o vazio novamente. Por várias vezes, chegando em casa de madrugada, embriagado, após uma noite de “curtição” nos bailes da Baixada Fluminense, me olhava no espelho e dizia para mim mesmo: “Tem alguma coisa errada, está faltando alguma coisa.” Com os amigos estava bom, mas sozinho, estava muito ruim. Percebi que tinha um problema, mas meu ateísmo não me deixava ver que Deus era a solução.

Foi então, que o Senhor Deus abalou as minhas convicções ateístas. Comecei a ter sonhos proféticos que se realizavam, e ainda, até hoje se realizam, constantemente. Foi um “nó” na minha mente. Fiz uma interpretação particular das palavras do dramaturgo e poeta William Shakespeare em sua obra Hamlet, onde diz: “Há mais coisas no céu e terra, Horácio, do que foram sonhadas na sua filosofia." Passei a crer em experiências metafísicas e me voltei para Deus; e Seu Espírito me convenceu do pecado, da justiça e do juízo. Entreguei-me a Ele e encontrei em Sua Palavra luz para minhas trevas. E nas palavras de Santo Agostinho a resposta sobre meu vazio interior, quando este disse ao Senhor: “Formaste-nos para ti, e nosso coração não terá sossego enquanto não encontrar descanso em ti.” E hoje posso dizer como o salmista: “O pardal encontrou casa, e a andorinha ninho para si, onde acolhe os seus filhotes, eu, os teus altares, Senhor dos Exércitos, Rei meu e Deus meu.” (Sl.84:3).

 

Ir. Fábio

Ramá – Petrópolis